
Mistério no Mediterrâneo
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Nick Spitz (Adam Sandler) é um policial que há tempos tenta se tornar detetive, mas nunca consegue passar na prova para o cargo. Envergonhado, ele diz para sua esposa (Jennifer Aniston) que trabalha na função, pedindo ao melhor amigo que o ajude nesta mentira. Um dia, ao chegar em casa, Nick é cobrado por Audrey sobre a sonhada viagem à Europa, prometida quando eles se casaram, 15 anos atrás. Pressionado, ele diz que já havia arrumado tudo e, assim, os dois partem em viagem. Ainda no avião, Audrey conhece o milionário Charles Cavendish (Luke Evans), que os convida para um tour a Mônaco a bordo do navio de seu tio (Terence Stamp). O casal aceita a oferta, sem imaginar que estaria envolvido com a investigação em torno de um assassinato em pleno alto-mar.
Imagine os contos de Agatha Christie reimaginados através do despertar cômico. Bem, esta é a proposta de Mistério no Mediterrâneo. Ao longo da narrativa o espectador é apresentado a referências sutis, outras nem tanto, à obras como Assassinato no Expresso do Oriente. Mas, será que a tentativa funciona e apresenta uma experiência digna para amantes tanto de comédia quanto de “suspense”? Vamos descobrir a seguir.
Já faz alguns anos que Adam Sandler não emplaca com nenhuma de suas novas produções. Outrora o ator, e produtor, era o nome da comédia romântica dos anos 90. Vários dos principais filmes de sucesso no gênero estavam atrelados a seu nome, somando mais de 2 bilhões de dólares em bilheteria. Mesmo que em clichês, ele encontrava destaque no nicho cinematográfico. Pouco tempo depois, o cinema cansava da essência equivalente na constância de suas obras. Então, o astro optou, mais por necessidade do que escolha, a unir-se à Netflix e explorar outros gêneros e mesclar algumas vertentes.
Apesar das tentativas de “se reinventar”, nada mudou. O insalubre na narrativa continua o mesmo como fora com The Ridiculous 6, Zerando a Vida, Sandy Wexler e, o mais recente, Lá Vêm os Pais. Em Mistérios do Mediterrâneo, Sandler repete um encontro que conquistou muitos amantes do gênero de comédia romântica. Essa estratégia, porém, não é inédita. Assim como fez em Juntos e Misturados, em 2014, restaurando a química com Drew Barrymore. Agora, tenta recuperar a mesma essência com Jennifer Aniston, de Esposa de Mentirinha.
Na trama, em teoria, o mistério criminal mistura-se com o “romance” e a comédia para conquistar espectadores de todos os gêneros. Na prática, entretanto, soa mais como uma salada sem tempero e sem salada. Para o roteiro, o problema é que as piadas e os próprios eventos não resgatam qualquer originalidade e resultam em personagens constantes e, por vezes, chatos. Um elemento essencial dentro de qualquer romance cômico que se preze, por exemplo, é justamente o clichê de “dar errado para dar certo”. O roteiro, entretanto, não apresenta nenhum crescimento empolgante ou romântico dos protagonistas.
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Logo no início somos apresentados a um casal, juntos há mais de 15 anos. Nick, interpretado por Sandler, é um policial fracassado que não consegue ganhar uma promoção para o cargo de detetive. Enquanto, Audrey, interpretada por Aniston, é uma cabeleireira apaixonada pelo gênero literário de mistério e suspense. Depois de tantos anos casados, não existe mais aquele “appeal” entre eles. Até que um dia, Nick “decide” surpreendê-la e ambos embarcam em uma viagem à Europa. A partir de então, a trama do filme entra em um constante declínio na tentativa de manter o espectador plugado à obra.
De um lado, o personagem de Sandler repete, por inúmeras vezes, piadas sem graça e que continuam a não funcionar mesmo com a insistência. De outro lado, a personagem de Aniston atua como se estivesse ligada no 220v e não cativa simplesmente porque o roteiro, em geral, não ajuda. A química construída em Esposa de Mentirinha não existe em Mistério no Mediterrâneo. Alias, a química do casal, por si só, não existe. Soam como duas pessoas já acostumadas com a presença uma da outra e não há nenhum momento de verdadeira romantização.
Para os demais, nem vale a pena o destaque. As atuações são caricatas em exagero e não acrescentam nada para trama. Personagens bidimensionais com atores direcionados a cumprir apenas o papel que lhes foram designados. Toda a trama, em geral, soa como o feijão com arroz sem nada que desperte o mínimo de interesse. As risadas são fracas e, por vezes, parece que os atores estão se divertindo bem mais que o espectador com piadas que nem chegam a manifestar mudanças no canto da boca.
Em suma, Mistério no Mediterrâneo quer brincar com as histórias idealizadas por Agatha Christie tornando-as cômicas. Mas, passa longe e erra. Fracassa como comédia, não manifesta interesse como suspense e não apresenta nada de romance. Por fim, o espectador encerra seus mais de 90 minutos de duração com o famoso ditado “não cheira e não fede”.
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