
Nós (Us)
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Adelaide (Lupita Nyong'o) e Gabe (Winston Duke) decidem levar a família para passar um fim de semana na praia e descansar em uma casa de veraneio, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e todos se tornam reféns de um verdadeiro pesadelo.
A tão comentada obra de Jordan Peele, Us (Nós), é um daqueles filmes que assustam e fazem pensar. Se você curte terror, vem comigo pra saber mais desse thriller genial!
A dosagem de suspense e horror foi calibrada na intenção de fazer funcionar – e linkar – duas chaves presentes nas grandes produções modernas do gênero: a ameaça externa e a psicológica. O sobrenatural está presente, mas o desenrolar da história traz à tona também a possibilidade de reflexões mais profundas sobre a natureza do mal: o mal que há em Nós. As sombras que nos acompanham.
Us (Nós)
O plot gira em torno de uma família que viaja para aproveitar o verão e acaba atormentada por quatro pessoas muito semelhantes a elas. Essas “cópias” transformam as férias em um inferno, e o embate de cada personagem com sua “outra face” se torna inevitável.
São iguais a nós. Pensam como nós. Sabem onde estamos.
Quatro sequências diferentes são apresentadas logo no começo e não parecem, num primeiro momento, serem cenas com alguma ligação entre si. Aqui vale repetir o que disse no começo: elas foram calibradas justamente para criar essa estranheza. A câmera mostra corredores, tubulações subterrâneas, coelhos brancos enjaulados… A sensação é de pura desordem.
E não podemos esquecer de Jordan Peele, apesar de seu histórico como diretor de comédias, ele surpreendeu a todos em 2017, com o elogiadíssimo Get Out (Corra), que já mesclava terror e suspense de viés psicológico. De quebra, ainda foi capaz de criticar o racismo nos Estados Unidos sem tornar a obra panfletária, ganhando o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2018. Desde então, o cacife do diretor só tem aumentado.
Precisamos estar em movimento. Não vão parar até nos matarem. Ou nós os matarmos.
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Us mantém, de certa forma, o tom de crítica social do trabalho anterior. Para começar, o título, como muitos apontam, é uma alusão a United States. Além disso, os duplos também vestem macacões vermelhos semelhantes aos uniformes usados pela comunidade carcerária norte-americana. Porém, não é segredo que Jordan Peele usa de simbolismo em suas obras. Por isso, numa leitura mais profunda, o que está em jogo mesmo é o “lado negro da força”, ou seja, as trevas da psique humana.
Estamos em uma época em que tendemos a culpar os outros. O inimigo é o intruso, aquela pessoa que não representa o que nós somos.” – Jordan Peele
Eu curti muito a forma como o diretor trabalhou os close-ups, explorando bem as expressões dos atores. Quando os personagens caminham ou passeiam os olhos pela sala, por exemplo, a gente é capaz de sentir com eles a proximidade do perigo. E tem ainda o jogo de luz e sombras, que aumentam ainda mais a aflição.
É emblemático o momento em que Gabe (Winston Duke) está na frente da casa com um taco de beisebol nas mãos, gritando para quatro figuras iluminadas por trás. O terror das sombras antecedem os corpos, e parecem querer descer até a plateia do cinema.
Definitivamente, os atores arrebentaram! Lupita Nyong’o constrói cada camada de sua personagem, Adelaide, com uma atuação rica em expressões faciais e mudanças de voz. Parece criar como que um segundo diálogo, sem palavras. Enquanto isso, Winston Duke, que faz o marido de Adelaide, demonstra um timing fantástico para as tiradas cômicas, que, no final das contas, aliviam um pouco a tensão do espectador – ufa.
[…] interpretar dois personagens diametralmente opostos mas que ao mesmo tempo estão conectados. A história e os temas que estava investigando e explorando me interessaram muito. O monstro. Quem é o monstro? É interno ou externo? – Lupita Nyong’o
Sem dúvidas, o que achei ainda mais surpreendente em Nós foi o fato desse thriller ir além do terror. O diretor deixa à mostra, além de umas boas pitadas de humor, inúmeras referências à outros filmes clássicos e cults, como O Iluminado (Stanley Kubrick), Tubarão (Steven Spielberg), Os pássaros (Alfred Hitchcock), A noite dos Mortos-Vivos (George Romero), e até mesmo a comédia Esqueceram de Mim (Chris Columbus). Além de ser inovador, tudo isso acabou ajudando a driblar os clichês mais comuns dos filmes de horror – como aquela coisa do mal todo-poderoso.
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Outro ponto que merece atenção é a trilha sonora. Michael Abels é genial na criação de uma colcha de retalhos de sons perturbadores, usando violinos e outros instrumentos de corda para gerar melodias dissonantes e desafinadas, acentuando a angustia que a história propõe. Ah, e tem mais! Com um custo de apenas 20 milhões de dólares, o filme faturou mais de 250 milhões. Em outras palavras, um sucesso simples, direto, aterrorizante e brilhante. Pode marcar aí: Us, duas horas de susto com arte e conteúdo.
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