
Crisálida
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Quando o corpo de Amélia Moura é encontrado após ser desenterrado por uma forte chuva, a polícia percebe que cometeu um erro. O caso, que havia sido arquivado precocemente, precisa ser reaberto. Amélia não fugira, como imaginado. Marcas de esganadura indicam que alguém a queria morta – e conseguiu. Agora, a delegada Ana Cervinski e o policial Júlio Bragatti estão à procura do assassino da filha de um influente deputado estadual de Curitiba. Para isso, terão que investigar suas últimas semanas e descobrir segredos que alguém preferia que ficassem ocultos.
Crisálida é o primeiro romance da jovem escritora Andressa Tabaczinski, lançado esse ano pelo selo Transversal da editora carioca Oito e Meio. No livro, o que começa como um thriller policial ágil e bem construído vai se relevando, ao longo da leitura, um livro sensível e permeado de reflexões sobre as relações humanas, os vínculos afetivos e a intolerância arraigada de uma sociedade retrógrada.
Amélia talvez nunca tenha entendido o porquê lhe foi negado o direito à liberdade…
Amélia Moura é uma jovem moradora de Curitiba e filha de um deputado estadual de um partido conservador. De repente, ela desaparece sem deixar rastros. Passam-se pouco mais de um mês quando ela é encontrada, morta, numa área rural nas imediações de Curitiba, depois de ter o corpo desenterrado por fortes chuvas que haviam caído sobre a região.
[…] caminhou devagar na direção indicada, iluminando a trilha com a lanterna do aparelho. Nunca tinha estado tão apavorada na vida até o momento em que a viu […]
Amélia, enfim, não havia fugido como pensaram as autoridades. O caso do desaparecimento da filha do deputado é então reaberto, atraindo a atenção massiva da mídia e da sociedade. Como suspeitos, além do próprio pai, também são apontados a amiga com quem ela dividia o apartamento e o empresário Rafael Salvatori, ex-noivo da moça.
Logo, o cenário está armado e todos desejam saber a verdade. Afinal, quem matou Amélia? E por quê? Perguntas suscitam novas perguntas no desenrolar da leitura até o desfecho surpreendente e perturbador, que parece despertar algo de gelado e incômodo no estômago da gente.
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Quando criança, sentia um enorme tédio com esse jeito que a minha mãe tinha de ignorar o que eu dizia em vez de simplesmente falar sim ou não.
As investigações, a cargo da delegada Ana Cervinski e do policial Júlio Bragatti são acompanhados pelo narrador em terceira pessoa, como é mesmo tradicional nos thrillers policiais. A surpresa boa fica por conta da escolha de um segundo narrador, em primeira pessoa, quando a própria Amélia vem traduzir seus pensamentos e sentimentos, colocando todos mais próximos da verdade sobre sua morte.
Gostei especialmente da caracterização dos personagens principais, citados acima. A personalidade de cada um é bem destacada pela autora, que trabalha bem os diálogos de maneira a valorizar tanto os dilemas pessoais e psicológicos quanto os mistérios da trama.
Ana esticou o braço para alcançar a pasta que Júlio colocara em sua mesa. Folheou o documento sem conseguir se concentrar […] à medida que chegava mais perto de confirmar sua suspeita.
Nunca fui muito fã de livro de suspense e mistério, mas Crisálida foi uma surpresa. Acho que, justamente por não se limitar ao enredo e às convenções desse gênero literário, a obra tem potencial para agradar a outros perfis de leitores. E, se você gosta desse tipo de narrativas, então… Com certeza, vai adorar!
A autora consegue trabalhar muito bem o clima enigmático da história até as últimas páginas. E de quebra, enquanto costura aquelas cenas típicas que todo bom romance policial precisa ter, vai tocando tabus e feridas humanas muito profundas, desnudando também a intolerância entranhada nas famílias ditas tradicionais de nossa sociedade.
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